sábado, abril 26, 2008

quinta-feira, abril 24, 2008

...dias de um sentir vazio que não mente

quarta-feira, abril 23, 2008

no lado feminino da vida, com o uivar da loba, está uma lua cheia, bem redonda, orgulhosa. encandeia-me o olhar na distância, atravessa a alma de mansinho, clareia a noite que arrefece - traz calma à minha chama.

terça-feira, abril 22, 2008

hoje lembrei-me de ti quando passava por New Orleans. havia um som estranho, qualquer coisa como uma small big band, jeitos de cajun, talvez fosse jazz cheio de swing?! o certo é que tu estavas lá, comigo. na humidade dos ares da Louisiana e do ritmo inebriante, era mesmo suar em bica... só sei que não tirava os olhos de ti, deliciada. não faziamos nada senão contemplar e respirar. era tudo verdadeiro e inexplicável. não sei como fomos lá parar. estavamos estarrecidas com o ambiente delirante dos músicos. foi então que procurei o trompete - porque deve ter isso que nos levou lá.

segunda-feira, abril 21, 2008

quando não durmo, vigio o sono na esperança que o frio passe. e nunca mais chega o verão. deve ser por isso que se chama verão - como uma promessa de vermos qualquer coisa que ainda não vimos. tenho saudades da praia e dos vestidos leves, e de tudo o que ainda não foi provado. de qualquer forma, meu amor, já contamos duas estações bem medidas.

domingo, abril 20, 2008

contamos meses e tu chamas-lhe anos. e dás sempre um ou dois de avanço, num jeito desastrado de medir o tempo. não me importo com isso, porque há muito engoli o relógio não-sei-quando-vai-acabar-mas-não-tem-qualquer-importância. conto só tempo que somo contigo. o resto são intervalos de trabalho e compromissos. até que te recebo no(i)vamente no peito, aberto para te gozar e sugar o-tempo-todo. deixas pouco espaço à manobra e finjo que não me importo. seja. é um caminho como qualquer outro para perceber a distância que nos encurta o tempo. é a tua maneira de manter fronteiras. é a minha forma de cofiar confiança.
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é difícil, isto, de equilibrar a emoção com outra mulher. mais complicado do que se conta, muito mais doloroso do que se quer. aguento-me no usufruto do teu corpo e não lamento. bebo-te e como-te, sirvo-te e sirvo-me da doçura dos teus lábios como se tudo fosse autorizado. sei que não é. faço de conta que não há mais mundo para lá da nossa intimidade.
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quero que beijes sempre que quero até não poder mais ****

sábado, abril 19, 2008

em cada passeio que damos juntas, tudo flui a dois tempos: o meu, acelerado - o teu, contemplativo. e há encantamento que se confude com medo, um medo que não costumo sentir. é por isso, meu amor, que me pressentes ausente do espaço que partilhamos. não tenho explicação para o medo. nenhuma mesmo. confortam-me os teus braços que me apertam, o suave olhar, até o silêncio profundo. mas tenho medo... não sei como ludribriá-lo, nem sei como esquecê-lo.

sexta-feira, abril 18, 2008

todas as sextas-feiras são santas, por pior que corra a vida e só veja neblina. contigo, bendigo o fim-de-semana

quinta-feira, abril 17, 2008

às vezes, a vontade de te ter é tanta,
o desejo que me tenhas é tal,
que tudo me cheira a nós

quarta-feira, abril 16, 2008

terça-feira, abril 15, 2008

na memória encontro as âncoras - indicam a profundidade possível do mergulho

segunda-feira, abril 14, 2008

faço, a mim própria, a jura de que vou deixar o tempo passar. devagarinho que é como tu gostas. nenhuma angústia, nenhuma pressa, nenhum risco. só mais um teste à paciência da espera ou à persistência de amar. moderar os telefonemas, continuando a vida de todos os dias. o presente é uma dádiva, já alguém o disse. vou ver-te como um presente - bem sei que não se recebem presentes todos os dias. de cada vez que há um, é motivo de festa. certamente não te importas de ser o meu presente... prometo não me lambuzar contigo.

domingo, abril 13, 2008

há um momento em que cerrados os olhos só as mãos vêem. nada ousa segurá-las. ziguezagueiam pelo dorso acima. detêm-se, gulosas, nos botões do teu prazer. do meu prazer. custa suster o rumo anárquico do tacto. as mãos, minhas, seguem pela tua epiderme. tactéis e agéis, suaves e ardilosas. puxo-te corpo-todo-que-desejo para mim, até nos sentirmos coladas.agarro-te a nuca e procuro o pescoço, desajeitadamente com a boca que seca. encostas-me da maneira que gosto e sustenho-me de pernas arqueadas contigo no meio delas. nesse instante, olhos semi-cerrados, escolhemos entre a sala ou o quarto pela medida da tesão que nos domina.
quando a cara me enrubesce já cavalgamos todos os espasmos do prazer molhado. não há fronteiras, quero crer, nessa prece desesperada ao gozo-meu-e-teu. nem amanhãs. nem pecado.

sábado, abril 12, 2008

arrefeces-me como uma lâmina sobre a pele. esfrias o sentimento. não fazemos amor. não fazemos nada. esperas que a melancolia me passe. antes disto houve palavras suicidas. uma, outra vez, outra ainda mais tarde. penso: é sempre demasiado cedo para soltar palavras assassinas. as que esvaziam o pensamento, gelam o corpo, arrefecem qualquer emoção. instala-se um não-sei-quê. não compreendes. nem eu.
amar é um monumental equívoco: acreditamos que vai sempre correr tudo bem. que tudo pode ser um prazer com breves intervalos de realidade. que o amor se cultiva com a fluidez da ternura, e isso basta. e então sinto a tal lâmina na pele. golpeante, fria, medonha. cortante e disseminada pelo corpo. sem sangue, só calafrio. o corpo gela em arrepio de medo.

sexta-feira, abril 11, 2008

e é assim, também, que começa o falhanço. cada qual com o seu ritmo e os seus gostos. regras difícieis de aceitar. subentendidos que se acatam mas não se digerem. um frescor grave que se instala, primeiro à distância, depois indisfarçável no mesmo espaço. pode-se chamar-lhe melancolia, vaga tristeza. chega como enxurrada de dúvidas.

quinta-feira, abril 10, 2008

escuta baixinho:

se me perder, procura-me...

faz-me essa jura de amor, docemente.

de todos os mapas que junto, no teu coração está o mais gasto

podes até estranhar o meu jeito fraco de amar,

nem sempre nos vale a bússola do sentimento.

não acredites que me fui porque sim,

nem para sempre.

se me perder de ti,

encontra-me

quarta-feira, abril 09, 2008

tenho saudades tuas. não consigo dizê-lo com o peso que elas têm. falta-me o teu abraço e a boca traiçoeira, que se esquiva à procura da minha. falta-me cabeça lúcida para dizer socorro: AMO_TE. queria ter-te o rosto para além da foto, o relevo do corpo e tudo o que se lê nos teus olhos. apetecia-me provar-te nos lábios, uns e outros... lavar a cama depois. deixar o quarto a tresandar a sexo. queria que o abismo não se instalasse nunca. pondero quanto valem os momentos da tua ausência. penso que não penso senão em ti.

terça-feira, abril 08, 2008

somos um género à parte. uma espécie de minoria que umas vezes escolhe ser histriónica, outras mais se aguenta silenciosa. somos o amor do semelhante, a procura da diferença, o alento para a sintonia. somos o que não sabemos. tudo o que não nos ensinaram. nada do que esperavam de nós. e vivemos bem assim. achamo-nos felizes e lúcidas. nunca lemos cartilha alguma onde estivesse a cura deste ser diverso. não seguimos os padrões da família. desacreditamos deus em cada amante. viramos o mundo do avesso por uns instantes de luminosa felicidade. dobramos o cromossoma ao quadrado.

segunda-feira, abril 07, 2008

fome. fome é o que tenho de ti. ando a penar pelo teu sexo. primeiro um suave arbusto, a esconder uma torrente leitosa, ...para só depois mergulhar, táctil e infantil, no teu segredo. a isto não se chama apetite, pois não? não vivo sem esse prazer escorrido, nem a tua carícia suave, nem os teus cabelos negros. não vivo sem os teus olhos doces e assustados, que me desafiam para o mundo em que somos iguais, e só desejamos a diferença. não vivo, procuro-te. salto cada-dia-cheio à procura dos outros, escassos, em que nos reve(la)mos. torneio no calendário de uma forma intensa, para que a saudade não me sufoque. encontro-te finalmente numa plataforma à beira de carris, onde trocamos um beijo esquivo e um abraço intenso. até que não seguramos mais o leve olhar.

domingo, abril 06, 2008

no autocarro, ela olhou para a paragem e susteve a mirada: a rapariga vulgarmente vestida abrigava-se ali, corpo hirto do frio das chuvas de abril. só mexia os olhos para seguir por segundos cada vulto que saia do veículo. o seu olhar movia-se entre cá e lá, como se estivesse a assistir a uma partida de ténis. a bola eram elas,... seguia uma com o olhar, dois ou três passos e voltava de imediato para a porta, detendo-se noutra, e depois noutra... de dentro, não podia ver-lhe nada mais que esse movimento anódimo de seguir o isco. havia tempo, praticara eu mesma esse tipo de jogo, bestial e inofensivo: medir-lhes os olhos, a boca, o perfil; apurar os sentidos, imaginar de onde vinham e onde se recolhiam; dariam conta que reparava nelas? pensar nas razões da solitária brincadeira, porque me divertia assim, como me entretinha, revelou-se um suave perfume. como se a catarse chegasse à mente antes das marcas ao corpo.

sábado, abril 05, 2008

pûs a música da tarde em que saltei quilómetros sem dar pelo relógio, até te achar com lua cheia. lembro-me disso e dos minutos longos em que estive ao frio, sem saber o que fazer. foi o teu olhar de desafio que me confortou. ter corrido um risco com confiança. ou o perfil de miúda que conhecia, sem nunca a ter visto? não sei. escuto a música e revivo a lentidão de um tempo acelerado que engoliu quilómetros sem conta. virado o destino ao avesso, a vida tornou-se nocturamente luminosa.

sexta-feira, abril 04, 2008

sapho, essa safada...